segunda-feira, 6 de julho de 2009

Contato

Pense que você está melhor. São mais as razões que lhe fazem rir; são menos os motivos para chorar. Pense que você é mais feliz. As coisas mudaram, os sentimentos são outros, as pessoas, idem. Você mudou. Pense que as mudanças vieram para o bem. Pense também que você vive sua vida. E você a vive do jeito que quer, que lhe leva ao êxtase e lhe provoca o gozo. Pense que agora você aproveita o instante. Não mais constrói um futuro afogando-se no passado. Você já sabe que jamais será capaz de rebobinar o tempo. Pense, então, que as escolhas más ficaram para trás. Você deve ir adiante e fazer novas escolhas, fortuitas para variar. Pense agora em mim. Posso até ser mais feliz que antes (serei?) – se sou, você não saberá dizer. As coisas mudaram, os sentimentos são outros, as pessoas, idem. Mas pense que eu não mudei. E pense que a constância também pode ser uma coisa boa. Ela faz pensar o mundo de uma maneira diferente, ver as pessoas sob uma nova perspectiva. Pense então que passei a não mais enxergar as coisas que eu tanto gostava nas pessoas de quem eu gostava. Os tons de suas vozes mudaram. As piadas não são mais as mesmas. O programas de sábados à noite são outros. Elas mudaram. E pense no quanto elas mudaram. Eu não as reconheço nem elas a mim.
E aí quem pensa sou eu: senti por um bom tempo coisas que não existiam porque as pessoas por quem tanto prezei eram pura ilusão. Não eram – nem são – más pessoas. São só diferentes. E eu sou a mesma. E eu nunca serei capaz de me aproximar desses alienígenas.

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