sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O dique e a rolha


Olhando sobre a colina
Esta noite
Ou talvez observando
O açoite
Das ondas no mar
Por detrás dos prédios
Ou do bater no peito
E do cadenciar do tédio
Fechei meus olhos.

Queria que toda
Essa água
Diluísse minhas vozes
E que fosse mais alto
O bater das asas
Dos albatrozes
Que o farfalhar
De meus cabelos.

Tomei uma escolha
Tomei um drinque
Tomei coragem
Só não perdi o medo
Já que aquela rolha
Que segura meu dique
E retém a barragem
Não levo em meus dedos.

Estrelas

Viverei e morrerei esta vida sozinha
Talvez seja esta a sina da bailarina
Da poetisa
Ou de ambas
Ou duma só.
A bailarina já não dança
A poetisa já não rima
Já não é do mar que vem Marina.
Ela vem do altoaltoaltoalto
Quase tão alto quanto o último andar.
Mas com os pés no chão
E do tamanho do parapeito da janela.
E do alto já não se ouve cachorros latindo
Os alarmes disparando
Se ouve só o silêncio da noite.
O silêncio.
Só.
Só a menina.
Pelo menos as luzes –
Que vêm mais de cima –
Ainda entram no quarto para me fazer companhia.